O Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer aos brasileiros uma nova modalidade da cirurgia bariátrica, a videolaparoscopia. A modalidade é menos invasiva que a cirurgia tradicional pois envolve menos cortes e a recuperação do paciente chega a ser até 50% mais rápida. A decisão foi divulgada pelo Diário Oficial da União nesta última quarta-feira (01/02/2017).
Enquanto na cirurgia aberta o paciente recebe um corte que varia de 15 a 30 centímetros no abdome, na videolaparoscopia são feitos de 5 a 6 furos, de meio a um centímetro cada. “A cirurgia por videolaparoscopia tem uma recuperação muito mais rápida, além de ter menos riscos e com menor porcentagem de complicações. É mais segura. Ela tem também menos chance de fazer hérnia, de fazer ferida na abertura, não fica cicatriz e não precisa de cinta abdominal“, explica Glauco Morgenstern, especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgião bariátrico da equipe do Centro VITA de Tratamento da Obesidade e Diabetes, no VITA Curitiba.
A presença de hérnias na cirurgia aberta chega a até 30% dos pacientes e o risco de infecções pelo corte também. “Como são pequenos orifícios na cirurgia videolaparoscópica, eu diminuo a presença das hérnias, chegando a próximo a zero. A mobilidade do paciente também é maior depois da cirurgia”, explica Caetano Marchesini, médico cirurgião bariátrico e presidente da SBCBM.
Outra complicação comum das cirurgias abertas é a expansão do pulmão no pós-operação. “Quando a cirurgia é por vídeolaparoscopia, a restrição da respiração é menor e, consequentemente, diminui as complicações respiratórias do paciente”, explica Marchesini.
Tempo menor
A cirurgia aberta demanda de 30 a 60 dias de recuperação para o paciente voltar as atividades normais, de trabalho e lazer. Na videolaparoscopia são apenas 15 dias para a recuperação e, com 30 dias, a pessoa pode começar a fazer exercícios leves. “”A videolaparoscopia tem menos chance de hérnia, infecção da ferida operatória e a cicatriz é mínima. Já na cirurgia aberta, para começar a se exercitar pode levar até 90 dias“, afirma o cirurgião Morgenstern.
Indicação diferente?
Seja a tradicional ou por videolaparoscopia, as recomendações para a cirurgia bariátrica são as mesmas. De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabologia, a cirurgia é recomendada quando as outras opções terapêuticas – alimentação, exercícios físicos e medicação – não trouxeram resultados e apenas ao paciente que tiver as seguintes características:
Índice de Massa Corporal (IMC)* acima de 40, independentemente da presença de comorbidades.
IMC entre 35 e 40, na presença de comorbidades. Em janeiro do ano passado, o CFM ampliou de seis para 21 o número de doenças associadas à obesidade, que poderiam levar a uma indicação à cirurgia. Entraram na lista a depressão, disfunção erétil, hérniasdiscais e asma grave não controlada, entre outras.
IMC entre 30 e 35, na presença de comorbidades que tenham, obrigatoriamente, a classificação “grave” por um médico especialista na área da doença. É também obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um endocrinologista.
*O cálculo do IMC é feito dividindo o valor do peso pela altura, ao quadrado. Calcule seu IMC na nossa calculadora no menu lateral 🙂
Mesmas técnicas
O procedimento dentro do paciente não muda, independentemente de qual for a técnica escolhida, videolaparoscopia ou cirurgia aberta. Existem hoje no Brasil duas técnicas, aprovadas e liberadas, para a cirurgia bariátrica: Sleeve (gastrectomia vertical) e Bypass gástrico.
O Bypass reduz o estômago através de grampeamento. Como o estômago é dividido em duas partes, uma menor e uma maior, a menor parte é ligada ao intestino para que o alimento siga o curso natural. Ela mistura duas modalidades – a redução do estômago e o desvio da comida para o intestino – favorecendo o emagrecimento.
O Sleeve, ou gastrectomia vertical, traz apenas a restrição do tamanho do estômago. Tem apenas um mecanismo de perda de peso.
Para incorporar novas tecnologias no SUS, o Ministério da Saúde conta com a avaliação da Conitec, que analisa, além da efetividade da técnica, o custo e benefício para a saúde pública. Além do site da Conitec, a população também pode acompanhar os processos de incorporação por meio de aplicativo nas versões Android e IOS.
- Fontes – Gazeta do Povo e Ministério da Saúde
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