Quando pensamos nos benefícios trazidos após uma cirurgia bariátrica ficamos realmente esperançosos por uma qualidade de vida melhor.
Porém escutamos por muitas vezes criticas principalmente de pessoas que não conhecem as dores e nem dificuldades que uma pessoa obesa tem passado, desde dificuldades para encontrar roupas (e se sentir mal por isso) ou dificuldade de locomoção até comorbidades severas como diabetes e hipertensão são itens relacionados que nos cercam ao longo dos dias.
O apoio de familiares sempre é o melhor caminho e o entendimento destes familiares de todo o processo faz parte também da nova mudança.
A sugestão é de relacionar as pessoas com quem tem uma melhor relação e falar abertamente: “Preciso de ajuda com a obesidade, esta comigo?”, abrindo o jogo você poderá encontrar um apoio diferente e quem sabe até novos parceiros para ter uma vida nova, afinal, todos querem ter um pouco mais de saúde não é mesmo?
Depois disso, esqueça as criticas e besteiras e siga em frente com seu planejamento e metas, faça acontecer e siga em frente que com certeza com a ajuda de pessoas proximas a vitoria será muito gratificante para todos!
A longa fila de espera para cirurgia bariátrica no Brasil provoca mortes evitáveis e custos ao sistema de saúde. Pesquisa estimando consequências da demora no acesso ao procedimento mostra que, a cada mil pacientes que aguardam a cirurgia, cinco morrem por ano de espera. Como a estimativa dos pesquisadores é de que até 9 milhões precisem da cirurgia no País – entre aqueles na fila e os que ainda necessitam de encaminhamento – e só 1,5% deles sejam operados, a falta da bariátrica causa até 45 mil óbitos evitáveis por ano.
Já o custo extra ao sistema público de saúde, segundo o estudo, é de U$ 720 milhões anuais (cerca de R$ 2,3 bilhões). São US$ 80 mil (aproximadamente R$ 256 mil) gastos a mais com esses doentes, a cada ano, por complicações da obesidade.
Liderado pelo médico Ricardo Cohen, coordenador do centro de obesidade e diabete do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o estudo usou um modelo estatístico para calcular todos os prejuízos sofridos pelos pacientes que esperam na fila. Os pesquisadores compararam indicadores de eficácia e custo em vários cenários: não realização de cirurgia, operação imediata após a indicação do procedimento e espera de um, dois, quatro e sete anos na fila.
Os cientistas verificaram que o paciente que espera sete anos na fila tem 18% mais chance de morrer do que o doente que é operado de imediato. No Brasil, o tempo médio de espera por uma cirurgia bariátrica no SUS é de 3 a 4 anos, mas pode ser muito maior em algumas cidades.
“O obeso já tem risco maior de morte cardiovascular do que a população em geral. Quanto mais ele espera pela cirurgia, maior a chance de complicações associadas à doença, como quadros de hipertensão, enfarte e derrames”, comenta Cohen, que teve o estudo publicado em abril na revista científica Soard, periódico da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. “Mostramos, portanto, que a intervenção precoce salva vidas”, completa.
Para Caetano Marchesini, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, a realização mais rápida da cirurgia não evitaria somente as mortes, mas também sequelas desenvolvidas pelos pacientes com obesidade grave. “Os derrames podem deixar sequelas irreparáveis. Outros problemas comuns são apneia do sono, dificuldade respiratória e problemas osteoarticulares causados pelo excesso de peso”, afirma Marchesini. Todos esses quadros exigem tratamentos contínuos que sobrecarregam o sistema de saúde.
Demora
Com 116 quilos, a empregada doméstica Miriam Maria de Lima, de 41 anos, está desde 2013 na fila da cirurgia bariátrica na rede pública de Pernambuco, que conta só com quatro hospitais públicos que realizam a técnica. Durante os anos de espera, desenvolveu um grave problema de joelho – que a impediu, por meses, de trabalhar – além de hipertensão e aumento da taxa de glicose.
Também acabou entrando em um quadro de depressão e ansiedade. “Vi minha saúde se deteriorando aos poucos e isso tudo mexeu demais comigo. Por causa do problema do joelho, que foi em grande parte causado pelo excesso de peso, deixei de trabalhar, de dançar, de usar salto alto, de sair, passear. Durante meses praticamente deixei de viver. Não tinha mais alegria e isso foi ruim. Foi difícil conseguir energias, forças para seguir em frente e continuar lutando”, contou.
Em março, ela foi incluída no programa de um hospital estadual para a realização do procedimento. A espera, porém, ainda não acabou, já que o prazo máximo para que o paciente passe pela cirurgia após entrar no programa é de dois anos.
O comerciário Apolônio Dias, de 38 anos e com 139 quilos, se inscreveu para fazer a cirurgia em dois hospitais, mas ainda não há previsão. “Já são dois anos esperando e só faço engordar cada vez mais. Desde o ano passado estou com pressão alta e diabetes, além de alterações nas taxas do colesterol.”
Segundo Dias, a informação que recebe das equipes de triagem é de que a média de espera – nos programas em que está inscrito – é de três a quatro anos. “Nesse tempo, não sei o que pode mais acontecer. No mês passado, um rapaz que também estava tentando entrar na fila morreu por causa de complicações da diabete. Tinha 28 anos. Estou preocupado. Se tivesse condições, já tinha procurado serviço particular, mas infelizmente não tenho”, afirma.
Disparidade
Os pacientes que têm acesso à rede particular ou a plano de saúde, de fato, conseguem passar pela operação mais rapidamente. Tanto é que enquanto a rede privada realiza cerca de 110 mil cirurgias bariátricas por ano, a rede pública faz apenas 8 mil. Em cinco Estados brasileiros, o SUS não tem nenhum centro que realize a cirurgia: Amazonas, Goiás, Roraima, Rondônia e Amapá. Nesses casos, os pacientes precisam entrar na fila de hospitais de outras unidades da federação.
Médicos encontraram indícios de relação direta entre a obesidade infantil e a diabetes do tipo 2. Crianças obesas teriam, de acordo com o estudo, quatro vezes mais chances de ter diabetes do tipo 2.
Os pesquisadores estenderam o estudo também para relação entre obesidade e o desenvolvimento de diabetes do tipo 1. Os dados, no entanto, mostram que não deve haver relação entre as duas coisas. A diabetes do tipo 1 é causada por um desvio no sistema autoimune.
De acordo com o doutor Ali Abbasi, líder do estudo e membro do King’s College, na Inglaterra, uma pessoa que teve obesidade infantil tem quatro vezes mais chances de desenvolver diabetes do tipo 2 aos 25 anos do que outra que não teve sobrepeso.
“Diabetes impõe um fardo pesado na sociedade já que é uma condição comum e também de custo elevado para tratamento”, diz Abbasi em comunicado.
O estudo foi publicado no periódico científico Journal of the Endocrine Society e usou dados de 369.362 crianças do Reino Unido.
Um estudo recente mostra que a incidência de diabetes no Brasil tem crescido nos últimos anos. Em 2006, cerca de 5,5% da população tinha diabetes–o número subiu para 8,9% em 2016. Fazendo uma relação com a nova pesquisa, o aumento pode estar relacionado ao crescimento no número de crianças obesas.
De acordo com o Ministério da Saúde, 90% dos portadores de diabetes do Brasil são do tipo 2. A estimativa é que o Brasil tenha 9 milhões de pacientes com diabetes.
Em dez anos, obesidade cresce 60% no Brasil e colabora para maior prevalência de hipertensão e diabetes
Dados inéditos divulgados pelo Ministério da Saúde alertam para prevalência alta da obesidade mesmo entre mais jovens, pessoas de 25 a 44 anos
Consumo de alimentos ultraprocessados e sedentarismo impactam no avanço das doenças crônicas: mais de 25% da população adulta têm diagnóstico de hipertensão
Estudo aponta ainda que, apesar do cenário preocupante, brasileiro reduziu quase pela metade o consumo de refrigerantes e passou a fazer mais atividade física no lazer
O brasileiro está mais obeso. Em 10 anos, a prevalência da obesidade passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, atingindo quase um em cada cinco brasileiros. Os dados inéditos divulgados nesta segunda-feira (17/4) fazem parte da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) realizada pelo Ministério da Saúde em todas as capitais do país. O resultado reflete respostas de entrevistas realizadas de fevereiro a dezembro de 2016 com 53.210 pessoas maiores de 18 anos das capitais brasileiras.
Conheça aqui os dados da pesquisa apresentados pelo ministro de Saúde, Ricardo Barros.
Segundo a pesquisa, o crescimento da obesidade é um dos fatores que pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão, doenças crônicas não transmissíveis que piora a condição de vida do brasileiro e podem até matar. O diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 e o de hipertensão de 22,5% em 2006 para 25,7% em 2016. Em ambos os casos, o diagnóstico é mais prevalente em mulheres.
“O Ministério da Saúde tem priorizado o combate à obesidade com uma série de políticas públicas, como Guia Alimentar para População Brasileira. A alimentação saudável aliada a prática de atividade física nos ajudará a reduzir a incidência de doenças como diabetes e hipertensão na população”, declarou o ministro Ricardo Barros.
O Vigitel, realizado pelo Ministério da Saúde desde 2006, auxilia para conhecer a situação de saúde da população e é utilizado como base para planejar ações e programas que reduzam a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, melhorando a saúde do brasileiro.
EXCESSO DE PESO E OBESIDADE – A obesidade aumenta com o avanço da idade. Mas mesmo entre os mais jovens, de 25 a 44 anos, atinge indicador alto: 17%. Excesso de peso também cresceu entre a população. Passou de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016. Já é presente em mais da metade dos adultos que residem em capitais do país.
A pesquisa também mostra a mudança no hábito alimentar da população. Os dados apontam uma diminuição da ingestão de ingredientes considerados básicos e tradicionais na mesa do brasileiro. O consumo regular de feijão diminuiu 67,5% em 2012 para 61,3% em 2016. E apenas 1 entre 3 adultos consomem frutas e hortaliças em cinco dias da semana. Esse quadro mostra a transição alimentar no Brasil, que antes era a desnutrição e agora está entre os países que apresentam altas prevalências de obesidade.
MENOS REFRIGERANTE – Entre as mudanças positivas nos hábitos identificados na pesquisa está a redução do consumo regular de refrigerante ou suco artificial. Em 2007, o indicador era de 30,9% e, em 2016 foi 16,5%.
A população com mais de 18 anos está praticando mais atividade física no tempo livre. Em 2009, 30,3% da população fazia exercícios por pelo menos 150 minutos por semana, já em 2016 a prevalência foi de 37,6%. Nas faixas etárias pesquisadas, os jovens de 18 a 24 anos são os que mais praticam atividades físicas no tempo livre.
INCENTIVO A HÁBITOS SAUDÁVEIS – O incentivo para uma alimentação saudável e balanceada e a prática de atividades físicas é prioridade do Governo Federal. Assim que assumiu o Ministério da Saúde, Ricardo Barros publicou uma Portaria proibindo venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o consumo dentro das dependências do Ministério. A pasta também participou da assinatura da portaria de Diretrizes de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável nos Serviço Público Federal. Sugerida pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, a diretriz orienta formas da alimentação adequada e saudável nos ambientes de trabalho do serviço público federal. Além disso, constrói uma campanha pela adoção de hábitos saudáveis chamada Saúde Brasil.
O Ministério da Saúde também adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país. Durante o Encontro Regional para Enfrentamento da Obesidade Infantil, realizado em março em Brasília, o país assumiu como compromisso deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019, por meio de políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, até 2019; e ampliar em no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.
Outra ação para a promoção da alimentação saudável foi a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida mundialmente pela abordagem integral da promoção à nutrição adequada, a publicação orienta a população com recomendações sobre alimentação saudável e consumo de alimentos in natura ou minimamente processados.
Em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), o Ministério também conseguiu retirar mais de 14 mil toneladas de sódio dos alimentos processados em quatro anos. O país também incentiva a prática de atividades físicas por meio do Programa Academia da Saúde com mais 4 mil polos habilitados e 2.012 com obras concluídos.
QUEDA DA MORTALIDADE – O conjunto de ações do Governo Federal, com expansão do acesso a serviços de saúde, diagnóstico precoce e tratamento, além das ações de promoção da saúde, já impacta na queda de óbitos precoce por Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde mostra uma redução anual de 2,6% da mortalidade prematura por doenças crônicas entre adultos (30 a 69 anos).
“Aumentamos a identificação das Doenças Crônicas Não Transmissíveis na população, o acesso a assistência, com consultas e busca ativa e também a assistência aos medicamentos para controle o que já demonstra redução significativa nas mortes prematuras por estas doenças. Isso mostra o bom funcionamento das políticas públicas de saúde atingindo a população como um todo”, completou o ministro Ricardo Barros.
Com isso, o Brasil já cumpre a meta para reduzir mortalidade por doenças crônicas parte do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil 2011-2022. A meta inicial era de reduzir as taxas de mortalidade prematuras em 2% ao ano até 2022. Anualmente doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, diabetes e câncer respondem por 74% dos óbitos e são a primeira causa de mortes no país.
O ambiente em torno das células do câncer de mama tem papel importante no agravamento da doença, diz estudo apresentado na reunião de 2017 da American Association for Cancer Research. No encontro, os pesquisadores demonstraram que tumores crescem mais rápido quando localizados em tecidos de pessoas obesas. O estudo ajuda a explicar a correlação entre o câncer e a obesidade, já demonstrada em outras pesquisas.
O ambiente em torno do tumor pode ser um gatilho para a progressão da doença. Foto ilustrativa/Ingimage
“Estamos interessados em algo chamado ‘microambiente’. São células em torno do tumor e também os produtos químicos fabricados por elas”, disse Liza Makowski, professora da na UNC Gillings School of Global Public Health, na Carolina do Norte (EUA), em nota. No estudo, o time de Liza estudou o câncer de mama em três microambientes diferentes: no de obesos, no de magros e naqueles que já foram obesos.
Resultado: os tumores ficaram significativamente maiores nos modelos obesos que nos modelos magros. Eles também cresceram no microambiente de quem perdeu peso, mas menos do que no tecido obeso. As descobertas sugerem que a perda de peso, assim, ajuda a diminuir a progressão do câncer.
Curiosamente, no entanto, quando os pesquisadores analisaram os genes de cada tumor, eles perceberam que não havia muita diferença entre eles. Isso reforça a tese do microambiente como gatilho para o crescimento do tumor – o que pode ser importante para o desenvolvimento de novas pesquisas e tratamentos.
“A maioria das mudanças estava nas glândulas mamárias em torno dos tumores”, disse Alyssa J. Cozzo, uma das autoras do estudo e estudante na UNC Gillings School of Global Public Health. “Isto implica que o microambiente em torno do tumor pode ser um condutor do crescimento tumoral, mesmo quando as células tumorais e as outras células que compõem o próprio tumor são relativamente semelhantes.”
Os índices da Obesidade estão cada vez maiores, na maioria das vezes a crescente epidemia esta relacionada diretamente aos péssimos hábitos alimentares presentes hoje em todo o planeta.
Lutar contra a obesidade não é apenas iniciar uma atividade física, muito pelo contrario. A INFORMAÇÃO referente a ALIMENTAÇÃO é a principal chave para iniciar esta virada de jogo.
Infelizmente a grande parte de culpa vem de dentro de casa, sim, para muitas famílias é normal e rotineiro se hidratar com sucos e refrigerantes açucarados, assim como o excesso de “pacotinhos” com excessos de sal, gordura, açúcares e carboidratos! Este é o exemplo de rotina que passamos para nossos filhos, que irão absorver este ensinamento como um habito normal e que pode ser levado sem problemas.
O Ambiente Alimentar que estamos presentes é uma “bomba” de calorias vazias, precisamos saber reconhecer o perigo dos alimentos nocivos a saúde, evitando assim a obesidade e suas principais comorbidades como: diabetes tipo 2, cancer, depressão, hipertensão.
Uma forma de iniciar esta batalha é adquirindo conhecimento, um documentário muito bom é o Fed Up! Onde mostra a exploração e controle da industria sobre nossas escolhas, assim como acordos comerciais e a falta de informação de nós, consumidores.
Se você esta lutando contra a obesidade, assistir este video e debater com alguém também interessado pelo assunto é muito bom e trará uma nova realidade no seu dia a dia com certeza.
Adriano Scavoni, 35 anos, fez redução de estômago em 2003, quando pesava 134 quilos. Em questão de meses, perdeu 43 quilos, e durante anos manteve-se abaixo do índice de obesidade. Naquele início do processo de emagrecimento, há 14 anos, não teve muito conhecimento das importantes mudanças internas pelas quais passava seu corpo. O procedimento foi feito, relembra, “às pressas”. Mas teve resultado.
Os anos que se seguiram à cirurgia bariátrica foram marcados por altos e baixos. E extremos. Em 2006, enquanto fazia estágio e estudava Gestão de Recursos Humanos, passando os dias ocupado em diferentes atividades, negligenciou a ingestão de vitaminas. Não as associava às dificuldades que vinha apresentando no trabalho e na faculdade: sonolência, fraqueza, desânimo. Não tinha a menor vontade de comer.
— Passei três anos praticamente só comendo coisinhas leves, com poucas calorias. Não conseguia me acertar. E isso tudo, com a pressão do estágio e da faculdade, me levou à desnutrição — recorda.
Tempos depois, por volta de 2009, Adriano se recompôs. Passou a se alimentar melhor e, novamente, tinha energia para realizar as atividades do dia a dia. No ano passado, uma nova baixa:
— Perdi minha mãe, e foi um baque. Isso me afetou. Eu estava com 93 quilos em 2016. Agora, estou com 105 quilos.
Em meio aos turbilhões, Adriano, que hoje está desempregado, conta que passou a ter perda de memória, dificilmente mantinha a concentração. Começou a tomar sulfato ferroso, o que aliviou parte dos problemas. Desde a época da cirurgia, não conseguiu manter um acompanhamento regular com nutricionista, psicólogo, cirurgião, endocrinologista.
O fator financeiro também pesou para ele, afinal, cada consulta precisa ser paga separadamente, isso depois dos custos da redução de estômago.
Adriano confia que, passada a turbulência atual, poderá voltar a cuidar melhor da saúde:
— É preciso querer, estar disposto. Eu sei que consigo, mas isso é muito psicológico. É a mudança de hábitos que vai te fazer mudar.
Nova vida repleta de cuidados
Quando o órgão que tem papel central na digestão dos alimentos é severamente reduzido, como aconteceu com Adriano, não é só a vontade de comer que muda: o organismo passa por alterações que vão muito além da perda de peso e exige uma adaptação completa de estilo de vida dali para frente. Com o estômago muito menor do que o normal, os pacientes que passam por uma cirurgia bariátrica reduzem a ingestão de comida e passam a absorver menos vitaminas e minerais que antes. A mudança exige atenção constante e resulta em efeitos imediatos e de longo prazo que, se não observados, podem levar a graves problemas ósseos, fisiológicos e até neurológicos.
A possibilidade de se voltar a ganhar peso anos após a cirurgia, caso não haja comprometimento do operado e acompanhamento profissional adequado, é apenas uma das questões que preocupam médicos e pacientes. Devido à menor absorção de ferro, cálcio e vitaminas como B12 e D, muitas pessoas relatam cansaço, dificuldade de equilíbrio, ressecamento da pele, queda de cabelo, unhas quebradiças.
Menos comuns — e mais graves — são o surgimento de problemas como fragilidade nos ossos e osteoporose precoce, perda de dentes, anemia, amnésia e outras deficiências neurológicas.
— Sem os cuidados adequados, o paciente pode ter sequelas neurológicas, lesões graves. A má alimentação, associada ao sedentarismo e à menor absorção de nutrientes de quem passa por essa cirurgia, acaba levando a uma série de dificuldades — relata o cirurgião bariátrico Caetano Marchesini, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
Alguns efeitos colaterais, dependendo do tipo de cirurgia, são até comuns. Nos meses imediatamente posteriores à operação, relatos de perda leve de memória, irritação e insônia tornam-se habituais em hospitais e consultórios. Anos após a realização de uma cirurgia bariátrica, com a esperada readequação do estilo de vida, as dificuldades tendem a diminuir ao ponto de a pessoa ter um cotidiano normal.
Marchesini chama atenção para o fato de que uma minoria dos pacientes — algo estimado entre 10% e 15% — apresenta reincidência da obesidade e outras doenças associadas.
— Como fizemos 100 mil dessas cirurgias no ano passado no país, há cerca de 15 mil pessoas voltando a ganhar peso. Fora as que, mesmo que não estejam mais obesas, deixam de fazer exames para acompanhar a própria saúde e podem estar desenvolvendo outros problemas — afirma o cirurgião bariátrico.
Não adianta só perder peso
Recomenda-se aos pacientes um acompanhamento multidisciplinar bastante próximo no primeiro ano após a cirurgia. Nutricionista, psicólogo ou psiquiatra, endocrinologista e fisioterapeuta, além do próprio cirurgião, são alguns dos profissionais que devem ser consultados com regularidade até que ocorra a total readaptação alimentar, física e mental. Depois do primeiro ano, a recomendação é de que se continue fazendo exames regulares para detectar qualquer anomalia e se consulte um médico para manter as consultas.
— Não basta só fazer a cirurgia e ir embora. É preciso ter esse acompanhamento da equipe, até para a pessoa se conscientizar sobre como lidar com o novo corpo e ter bons resultados — explica Luiz Alberto De Carli, coordenador do Centro de Tratamento da Obesidade da Santa Casa.
Acontece de um operado, vendo os efeitos da garantida perda de peso após uma redução do estômago, achar que, não estando mais obeso, tudo está bem: diminuem-se as chances de desenvolver ou sentir os efeitos da hipertensão, da diabetes; há mais disposição, menos dores. Em meio à alegria de uma “nova vida” e à sensação de bem-estar, há quem deixe de fazer os exames recomendados e, assim, ignore os resultados invisíveis da operação.
Mas emagrecer não é garantia de saúde. Não é preciso esperar que o corpo dê sinais, como fraqueza e desânimo, para o operado se dar conta de que precisa agir. Assim como a redução do próprio órgão, a necessidade de manter cuidados adequados é para toda a vida.
— Quando o corpo está dando sinais é porque já está faltando alguma coisa. O paciente precisa ter em mente que a cirurgia vai provocar uma importante alteração fisiológica: a partir dali, seu corpo vai funcionar de forma diferente — diz Carlos Frota Dillenburg, presidente da SBCBM no Estado.
Ele conta que costuma fazer a seguinte pergunta aos pacientes: “Você está preparado apenas para fazer a cirurgia ou também para mudar de vida?”. A resposta de cada um costuma definir o sucesso da operação.
Bons resultados dependem de atenção e comprometimento
Para combater as adversidades que podem resultar da cirurgia, os pacientes costumam ter de repor microelementos que o corpo já não consegue mais absorver na mesma quantidade que antes. Na maioria dos casos, a ingestão de vitaminas — por vezes, em cápsulas; em alguns casos, por injeção — é suficiente para que o organismo trabalhe com os níveis adequados desses nutrientes, mesmo que a alimentação não consiga mais suprir essas necessidades sozinha.
Os médicos alertam que essa reposição deve estar associada à boa nutrição, à manutenção regular de exercícios físicos e à realização de exames, pelo menos, anualmente. Um estilo de vida saudável aliado à eventual ingestão de vitaminas concentradas, em quantidade e variedade que dependem de cada pessoa, basta para que a maioria dos pacientes obtenha bons resultados e evite os problemas apontados nesta reportagem.
— São poucos os que não seguem as orientações médicas e acabam abandonando o tratamento. A maioria dos pacientes segue o que é recomendado e obtém os resultados esperados — avalia a endocrinologista Grace Castro, integrante da equipe de cirurgia bariátrica do Hospital Moinhos de Vento.
Um dos principais desencadeadores dos problemas pós-operatórios é a má alimentação. O estômago menor ocasiona menos gula e maior saciedade aos pacientes, dificultando — impossibilitando, até — a ingestão de grandes pratos repletos de comida.
A desvantagem dessa mudança é que há quem se sinta inclinado a substituir uma boa refeição por salgadinhos, doces, bolachas recheadas, que satisfazem a fome de quem foi operado, mas não garantem as vitaminas e minerais de que o corpo precisa.
Para auxiliar na preparação de quem quer passar pela cirurgia e contribuir para o bom andamento dos operados, muitas clínicas e hospitais contam com grupos que realizam reuniões periódicas, geralmente mensais, em que exemplos, problemas e soluções são relatados por quem já passou por essa experiência e profissionais da saúde, o que auxilia na obtenção de bons resultados.
Grupos de apoio para problemas em comum
Simone teve recaídas e recuperou parte do peso depois da cirurgiaFoto: Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Simone Misturini estava com colesterol alto e hipertensão, pesando 122 quilos, quando decidiu passar por uma cirurgia bariátrica. Foi há três anos. De lá para cá, chegou a perder 52 quilos. Nos últimos meses voltou a ganhar peso depois de descobrir que tinha hipotireoidismo — um problema de saúde não associado à operação, mas que levou Simone a dar alguns passos para trás no tratamento que vinha seguindo com afinco.
Contente com os primeiros resultados, a estudante de Psicologia conta que parou de sofrer com apneia de sono e deixou de tomar medicamentos para combater a pressão alta, substituindo-os pelas vitaminas de que hoje precisa para manter o organismo em dia. Mas não sem antes passar por alguns problemas comuns aos recém-operados, como queda de cabelo, unhas quebradiças e algum desânimo.
— A gente precisa se fortalecer para encarar a nova vida — reflete.
Em meio à recaída, e também com o objetivo de trocar experiências com pacientes que passaram por dificuldades parecidas, Simone decidiu se unir à Associação Rio-grandense de Apoio ao Operado Bariátrico, onde participa de reuniões de apoio.
Operada há 11 anos, Sandra Pinto também participa desses encontros. Aos 62 anos, a aposentada conta que voltou a engordar quase uma década depois da cirurgia quando parou de fumar — um dos vícios que são uma espécie de compensação comum em pacientes bariátricos. Com problemas nos tendões e baixos níveis de ferro, ela passou a se alimentar mal após anos de refeições regradas e voltou a sentir os efeitos na saúde.
Sem conseguir ingerir alimentos que antes eram comuns no seu dia a dia, como batata frita e empanados, Sandra relata ainda outro problema frequente desses pacientes: ela regurgita a comida com frequência, especialmente quando come mais do que o estômago consegue aguentar, ou faz uma refeição com muita pressa, ou ainda quando está nervosa.
O depoimento de hoje é dele, Guttão! (Instagram: @guttao)
Antes de mais nada, parabéns Guttão! Exemplo de que a cirurgia não é mágica e requer sacrifícios, mas esta tirando de letra 😀
Nome: José Augusto (Guttão)
Idade: 44 anos
Profissão: Fotógrafo/Uber
Data da cirurgia e Técnica utilizada: dia 05 de Setembro de 2016 – BYPASS – Operei com 151 kgs, perdi 20 para o pré-operatório
Porque e quando decidiu fazer a cirurgia bariátrica? Foi uma decisão fácil?
Decidi fazer a cirurgia depois de cair a ficha que estava engordando demais. Normalmente as balanças de farmácias só pesam até 150kg, e depois que passei deste peso (cheguei a 171 kgs) um problema que tenho no tornozelo começou a incomodar demais, impossibilitando meu caminhar, doendo muito os joelhos e o tornozelo afetado.
O susto maior foi quando procurei uma endocrinologista e subi na balança acusando os 171 kgs, fiquei literalmente chocado.
Como sou também profissional de educação física, antes do problema com o tornozelo, eu dava aulas de ginástica aeróbica (Body Systems) em média 6 horas por dia, 5 dias por semana. Então eu tinha um gasto calórico grande, mas também precisava repor, mas ficava elas por elas, as vezes ingeria até um pouco menos do que gastava, isso mantinha meu peso, que era em torno de 115 kgs (sim eu sempre fui um professor de ginástica gordinho, isso trazia alunos que não tinham uma boa auto-estima para as minhas aulas).
Quando descobrimos o problema no tornozelo, o médico disse “ou pára ou pára de dar aulas”. Foi o que fiz… parei com as aulas, e comecei a fotografar profissionalmente, só que continuei com a grande ingestão de calorias e deu no que deu!
Quando a médica sugeriu a bariátrica, eu aceitei começar o tratamento e os procedimentos numa boa, mas não foi fácil depois disso, porque o corpo precisava, mas a cabeça não aceitava, e eu não emagrecia para perder os 10% do pré. Somente depois de 1 ano passando com endócrina, nutri e psicologa que fui aceitando, e de quebra perdendo peso para operar. Cheguei a perder 20 kgs e já fui encaminhado para os procedimentos da cirurgia.
Quais foram os principais medos pre-cirúrgicos e como conseguiu lidar com eles?
Nunca tive medo de cirurgia, apesar de ser a segunda que iria fazer, não tinha medo de acontecer algo durante a cirurgia, a maioria tem medo da anestesia. Tive uma longa conversa com o anestesista, e fiquei mais tranquilo com a tecnologia de hoje. Se é para acontecer algo, vai acontecer porque era para ser.
Meus exames deram todos excelentes, coração, sangue, organismo (depois que perdi os 20kgs para operar sumiu a minha pouca gordura que tinha no fígado). A minha pressão alta também era controlada, então, não tive medo de nada.
Como tem sido a nova rotina desta “vida nova”?
A nova vida é maravilhosa. Comer o necessário, em pouca quantidade de 3 em 3 horas, sigo rigorosamente o que meus médicos me passam, não quero mais sofrer com a obesidade.
Fácil? de forma alguma, tudo tem seu sacrifício. Mas se é para o bem maior, vamos cuidar!
A única coisa que aconteceu de estranho, foi me olhar nas fotos, depois de começar a emagrecer, e não me reconhecer. É assustador olhar para as fotos e ver aquele corpo magro, o cérebro entrou em parafuso, mas tem um motivo para tudo isso. Falei com a minha psicóloga e ela disse que é super normal o cérebro não aceitar de imediato o novo corpo, pois emagrecer rápido demais é mesmo estranho para a nossa cabeça. Já engordar, o corpo não percebe. Leva em torno de 8meses a 1 ano para a cabeça entrar na rotina do novo corpo. Fiquei despreocupado e uso umas técnicas hoje para aceitação mais rápida sugeridas pela psicóloga, como se olhar muito no espelho, olhar fotos, “pegar” no corpo, etc etc.
Pretende continuar nessa “pegada” após bater a meta?
Com certeza!! Pra que eu vou querer voltar a engordar??? rsrsr Quero continuar com meus treinos na academia (não vou voltar a dar aulas, pois o tornozelo não vai ajudar mesmo, é caso cirúrgico), Quer manter o novo corpo pelo restante dos meus dias e incentivar quem quer fazer a cirurgia para a melhora do seu corpo. A melhora não é só estética, mas psicológica. A Auto-estima sobe muito e isso é bom para nós seres humanos!!
E tem alguma meta pessoal ou sonho a ser realizado pós cirurgia?
Metas? acredito que não passa nada na minha cabeça por enquanto alem de tirar o excesso de pele, se sobrar,
Eu brinquei uma vez com uma amiga, e falei que depois de emagrecer quero fazer uma longa caminhada kkk, mas isso é com o tempo, e não tenho pressa alguma!
Sabemos que a cirurgia é apenas um empurrão para o tratamento para a obesidade, você considera importante o acompanhamento da equipe multidisciplinar neste processo?
Com certeza!! Se eu não tivesse passado pelo tratamento na pré-cirurgia, acredito que minha cabeça estaria de outra forma, pois a aceitação de um novo corpo e novas rotinas só consegui passando pelas consultas da endócrina, nutri e da psicóloga. Alem das reuniões mensais da Unimed. Experiencias de outra pessoas e dicas para o nosso futuro são essenciais nesta nossa jornada.
Se alguém pensa em fazer a cirurgia e não passa por tudo isso, acredito que o pós vai ser complicado e corre o risco de perder todo a cirurgia e voltar a ser obeso.
Ao longo do tempo pós cirúrgico é normal a fome voltar a aparecer, é fisiológico e natural isso ocorrer.
Porém temos recebidos diversas perguntas através do instagram/facebook e os itens abaixo aparecem com muita frequencia, são eles:
1 – O paciente sente medo de comer, para não engordar: O correto é comer certo, evitando os carboidratos em excesso (pois o carboidrato vai te dar mais fome em pouco tempo.. é um ciclo vicioso. siga a sua nutricionista !)
2 – O paciente deixou de tomar vitaminas por conta própria: falta de vitaminas e minerais pode causar FOME! é o corpo humano dando alertas pela carência de vitaminas e como sabemos, após a cirurgia é muito importante seguir esta suplementação devido a baixa absorção. Escolha suplementos reconhecidos e de fácil absorção como os da BeltNutrition. (Para comprar com descontos utilize o cupom de desconto: BARIATRICOS)
3 – O paciente deixou de retornar à nutricionista/cirurgião: os dois itens acima mostram isso com clareza, deve-se sempre realizar os exames periódicos para saber como esta sua saúde e evolução.
4 – Falta de hidratação: Quando a hidratação é inadequada, o corpo confunde sede com fome. Comer com sede pode ocasionar Hipoglicemia reativa (baixa de glicose no sangue logo após se alimentar), pois o organismo está pedindo água. Assim, você estará sempre com a sensação de que está faltando algo e fica com fome e aquela vontade de ficar comendo e beliscando tudo.
Não deixem nunca de seguir as recomendações pós cirurgicas, não importa o tempo da operação. A absorção de vitaminas e minerais é comprometida devido ao desvio intestinal e a “remoção” do fundo do estomago. Recomendamos a utilização de suplementos com minerais quelatos para uma melhor absorção, o polivitaminico da Beltnutrition é a alternativa a ser utilizada no desenvolvimento de suplementos nutricionais. Além disso, a tecnologia utilizada em sua fabricação agrega valor ao suplemento ao garantir a identidade do mineral como quelato. Os minerais aminoácidos quelatos Belt unem, portanto, tecnologia e efetividade nutricional.
A ingestão de carboidratos é assunto sério, especialmente quando falamos da nutrição pós cirurgia bariátrica.
A nutricionista Farida Cortez, responsável por acompanhamento nutricional de pacientes bariátricos do pacientes do Dr Glauco Morgenstern , enfatiza que os pacientes precisam estar completamente esclarecidos por um especialista. “É preciso estar especialmente atento às escolhas, porções, organização dos grupos alimentares nas refeições e montagem do prato”, diz Farida.
A pirâmide alimentar bariátrica indica como prioridade de consumo o grupo das proteínas, na sequência, vegetais, frutas, gorduras boas e, por último, os carboidratos, preferencialmente carboidratos complexos, ricos em fibras. “A inversão de valores, ou seja, consumo superior de carboidratos do que o recomendado e/ou em relação às proteínas, pode num primeiro momento cessar a perda de peso e posteriormente provocar reganho de peso”, alerta a nutricionista.
Além disso, pode haver fome , baixa saciedade, padrão “beliscador”, aumento da necessidade de doces e carboidratos, desnutrição proteica, perda intensa de massa muscular, queda da taxa de metabolismo basal, deficiências de minerais e vitaminas, anemia, queda de cabelo e uma série de sintomas recorrentes do erro alimentar.
“O consumo de carboidratos no pós operatório é rigoroso e demanda atenção e orientação”, conclui a profissional.